Grupo de ativistas que irão participar da Rio+20 visitam Magé

Um grupo formado por 46 ativistas, estudiosos e representantes de ONGs que vieram ao Brasil para participar do Rio+20 visitou neste domingo, 17 de junho, lugares afetados pela poluição causada pela Petrobrás ao Município de Magé. O chamado Toxic Tour passou pelo manguezal de Mauá, por bairros de Suruí onde passam dutos, e terminou na Praia da Piedade em Magé.
Na Piedade o grupo ouviu o relato dos pescadores que contaram o que a prática vem sofrendo com o passar dos anos, e principalmente as dificuldades de ser pescador depois do derramamento de óleo na Baía de Guanabara no ano 2000. Maicon da Silva contou emocionado que é filho de pescador e não pode exercer o que seu pai o ensinou: “Hoje o que conseguimos pescar não dá para o nosso sustento, e mal dá para nos alimentar, muitos desistiram de ser pescador e foram tentar outra profissão, outros não sabiam outro trabalho e chegaram a mendigar. Eu não posso ensinar ao meu filho o que o meu pai me ensinou por que se que não existem mais condições de viver da pesca aqui” disse o pescador.




Os ativistas ficaram emocionados, e surpresos com o que viram, entre eles estava Nora Morales de Cortinas que é uma defensora militante dos direitos humanos na Argentina, co-fundadora da Associação Madres de Plaza de Mayo: “eu fiquei muito surpresa com o que vi aqui. Coisas tão tristes causadas as pessoas que estão passando por situações tão difíceis, enquanto empresas ficam cada vez mais ricas” disse Nora Cortiñas.
A equatoriana Ivonne Yanez falou sobre a preocupação que essa poluição gerada causa: “é muito triste ver o que está sendo causado a tantas famílias aqui. Olhar para essa situação nos faz pensar que a Petrobrás é uma empresa estatal e está gerando tantos problemas para a população do seu país. Eu tenho certeza de que vou levar tudo o que vi aqui para o meu país, para que a Petrobrás não consiga se instalar lá, por que se não existe preocupação com o país dela, como ela irá cuidar do meu?” disse a bióloga Ivonne Yannes.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Claudio Cosentino, esteve com o grupo na última parada, e respondeu algumas questões levantadas na visita, e se colocou a disposição para receber os pescadores, e buscar condições de apoiá-los, “há algumas semanas embarcamos o estacionamento de dutos da Petrobrás em local que não estava autorizado. Nosso objetivo é não permitir que mais obras avancem sem o devido cuidado e as providências que deve ser tomadas pela população” disse o secretário.

A Rio + Toxico
A Rio+Tóxico é uma jornada que visita áreas afetadas por poluição gerada pela siderúrgica ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA) e pela refinaria de Duque de Caxias REDUC-Petrobrás. As visitas aconteceram de 15 a 17 de junho, e Magé fez parte do roteiro do tour, por fazer parte das cidades que sofrem com os danos ao meio ambiente.
Outros destinos foram a Área de Proteção Ambiental de São Bento e o Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, o maior da América Latina, que teve as atividades encerradas no último dia 3 de junho. Os visitantes participaram de reuniões e visitas, e puderam fazer entrevistas com lideranças e moradores locais. O ônibus partiu da sede do BNDES, no Centro do Rio, de onde saiu também grande parte do financiamento desses empreendimentos que causam efeitos tóxicos.

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